domingo, 19 de abril de 2009

E o burro sou eu???

As coisas têm, sem qualquer margem para dúvidas, a importância que lhes atribuímos. Quando a meio de uma longa travessia sem grandes emoções nos aparece algo que nos faz sorrir, é seguramente fácil ficar agarrado a esse momento. Todos gostamos de estar inspirados, felizes, de sonhar! De sonho em sonho, tantas vezes sem querer ver a realidade, sem querer acordar, numa estúpida paragem de tempo que parece imortalizar um momento real. Sim, o momento foi real, mas foi um momento! O que é um momento no meio de uma vida recheada de momentos? É simplesmente um momento ao qual eu decidi atribuir uma importância muito superior à real. É a chamada inflação! E como toda a inflação tem repercussões e paga-se! Prendi-me num momento, foquei uma única direcção, qual burro com palas. Não sei o que me passou ao lado, não sei o que perdi, o que não vi. Porque sem querermos há momentos que demoram a passar. Porque talvez tivesse sido das poucas vezes em que não recusei viver o momento, saboreei. Por qualquer razão que desconheço sou obrigada a dizer que fui burra. Não terei sido burra em viver o momento, terei sido burra em eternizar o momento, em achar que os momentos podem transformar-se em magia! Não fico nada triste de dizer que fui burra, acho que tudo o que acarrete emoções, sorrisos, lágrimas e afins, só nos traz humanidade. Chama-se viver, aprender, crescer e acho perfeitamente aceitável que durante a nossa vida tenhamos alguns episódios de burrice, desde que não se torne crónica. Devemos "curtir" a nossa burrice ao extremo, para termos a certeza que no dia em que atiramos fora as palas a nossa visão periférica está totalmente recuperada e as nossas emoções em pleno, para o que der e vier!
E o burro sou eu? Não diria que sou eu, mas diria que nos últimos tempos lhe vesti muito bem a pele!

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