quinta-feira, 16 de abril de 2009

Mundo louco...

Acabo de ouvir uma notícia no mínimo estranha: "mulheres em Cabul protestam contra nova lei afegã que dá direito ao homem de exigir ter relações sexuais com a esposa a cada quatro dias".
Levianamente pensei: vou emigrar para Cabul! Obviamente que estou a brincar!
Agora e com o devido respeito, que estamos a falar pessoas e direitos, nem sei o que pensar de semelhante notícia. Fui educada numa cultura onde como mulher tenho os meus direitos e, isso, perante notícias destas, parece ser uma sorte. É-me extremamente difícil imaginar o que será viver debaixo de um véu e à mercê de ordens e leis masculinas. Confesso que já muitas vezes questionei se isso se pode chamar viver, ou pura e simplesmente chama-se sobreviver! Obviamente estas mulheres crescem com esta cultura enraizada e nunca terão uma opinião tão radical quanto a minha, mas será que são felizes? Claro está que falo principalmente das classes sociais mais desfavorecidas. Nos meios onde abunda a riqueza, apesar da falta de liberdade de expressão, existem outras compensações que dão a ilusão de que afinal as mulheres têm direitos.Por baixo das "burkas" vestem-se fatos de alta costura, usam-se cosméticos de luxo. No fundo, para quem talvez nunca tenha experimentado o sabor da liberdade, esta seja uma forma ilusória da mesma e que as faz serem felizes. Não sentimos falta do que nunca tivemos ou que não sabemos o que é! Essas, apesar de tudo, podem dar-se por felizes! São culturas e temos de entendê-las como tal, mas custa-me perceber que há culturas onde os direitos são constantemente subtraídos, onde não há o direito de decidir, de dizer sim ou não.
Realmente, embora não tenha palavras para esta notícia, parece-me que o essencial e a novidade reside no facto de as mulheres estarem a manifestar-se. Será uma evolução, a conquista de um espaço? Espero que sim, talvez seja a evolução dos tempos a abrir as mentalidades. As culturas evoluem, e quando falo em liberdade feminina não posso nunca esquecer que neste país onde vivo, e me sinto livre, essa liberdade para as mulheres chegou, à muito pouco tempo, num pós 25 de Abril que abriu as portas ao direito de votar e de sair do país sem uma autorização masculina. Nunca questiono o certo e o errado das culturas que não a minha, mas questiono sempre a liberdade, essa sim devia prevalecer como um direito universal, para além de tudo o resto...

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