terça-feira, 26 de maio de 2009

3,2,1 Acção...

Qual longa metragem de Manuel de Oliveira! Fechei o plano e por ali fiquei fixada, entre um zoom e outro. Aproximação alternada com distância levaram à dúvida. A dúvida leva a que um filme contemplativo ganhe vida e por momentos se transforme numa espécie de comédia recheada de suspense. O segredo de mudar o plano, de passar à cena seguinte era somente uma questão de tempo. O tempo de dissipar a dúvida. Infelizmente o argumento tem tempos próprios e na minha mão ficou única e exclusivamente a espera. A espera que alimenta a dúvida. Os dias que alternaram entre as certezas e as incertezas, os dias que foram passando sem que nada pudesse fazer. Adormeci agarrada a palavras que no dia seguinte deixavam de fazer sentido, acordei com expectativas, sonhei com momentos que poderiam nunca acontecer, vivi com desilusões, sorri, pedi para ver o que não queria e no fundo só me baralhei. Baralhei tudo e estagnei agarrada a uma dúvida que não me deixou vislumbrar mais nada. Qual burro com palas. Questiono agora o porquê? O porquê de ter ficado em pause, de me ter deixado ficar agarrada a um nada que acreditei pode ser um quase tudo!
Às vezes só vemos a estranheza de alguns factos após algum tempo. Estranha forma de vida esta em que o "plano" ficou fechado numa imagem utópica e sem sentido.
Mas na vida tudo tem uma resposta, nem sempre quando a procuramos ou desejamos. Há respostas que só chegam quando têm de chegar. O momento onde tudo se clarifica, onde nos apontam um sentido, um caminho....
Chegou o momento, a reposta. O plano desfez-se, as luzes desligaram-se e não houve acção, houve simplesmente mudança de plano. A equipa moveu-se, o cenário mudou, os personagens são outros, o objectivo será o mesmo....
O filme continua, o "tio Oliveira" vai descansar um pouco e chamamos o Almodovar para dar um toque picante às próximas cenas. A banda sonora também muda, só não muda a vontade de viver!
Engraçado é avaliar o que uns segundos podem mudar naquilo que é o rumo da nossa vida. Interessante observar que no final a primeira cena contemplativa, recheada de inércia, só foi alimentada à conta de uma dúvida. Uma dúvida que tanto tempo esteve presente e que desapareceu em poucos segundos. Numa fracção de segundos percebi que o coração não batia como outrora, que a ansiedade do desejado momento se dissipou num segundo. Que tudo tem a importância que lhe atribuímos!
Aconteceu o que no fundo eu já esperava, só precisava de o provar a mim própria. Como é que o sabia? Talvez um dia vos possa contar´....3,2,1 ACÇÃO...

2 comentários:

  1. Não estou por dentro dos acontecimentos, mas visto deste lado parece-me que a vida te anda a sorrir menos que o habitual...
    São fases... o tempo tudo cura.
    Deixo um beijo pra ajudar ao recobro :)

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  2. A verdadeira prova do "desclick" acontece, na maior parte das vezes, no ver para crer. O próximo acto começou... o trilho na floresta vislumbra-se, raios de luz iluminam-te o caminho...o caminho de uma vida cheia de força de querer viver, cheia de força de ser feliz que te caracteriza... Felicidade merecidissima... ao lema do "AQUI VOU SER FELIZ"!!!

    Recordando tempos de infância e juventude... desejo-te BOA CAÇA!!!

    Grande Beijoca

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